Crônica escrita antes do Governo do Presidente Lula.
Profecia Consumada
Homenagem
a Rui Barbosa
Homens e mulheres jogadas nas sarjetas do desemprego, crianças
morrendo de fome, meninas se
prostituindo aos 12
anos, velhos morrendo nas filas das repartições, crimes hediondos
a cada instante.
Tudo,
enfim, é rotineiro e de acontecer com tamanha freqüência, parece
normal... Como se a espécie fosse lixo, a infância o refugo da raça
e sempre descartável, a adolescência o obstáculo para evolução
humana... Os velhos detritos indesejáveis despejados no esgoto do destino, para
a reciclagem da vida.
Ao lado da suntuosidade mais depravada, a miséria mais
contundente... Andam em corrimões paralelos, lado a lado, o homem
faminto e o causador da miséria,
a mulher difamada e o inventor da infâmia, a menina prostituída e
o aliciador, os velhos
despejados na rua e os que lhe negam asilo. Tudo parece em mais
perfeita harmonia, como uma orquestra sinfônica, regida por hábil
maestro. Todavia é um
misterioso ciclo de harmonias descompassadas, num diapasão refinado
de tal maneira, que o verde parece azul, o amarelo vermelho e o
redondo quadrado.
Num mundo deste, a verdade é a verdade dos poderosos, o líder
é o filho do político, o direito ao trabalho se torna migalhas -
favores distribuídos, por uma máfia
que era a de ontem, é a de hoje e, será a de sempre.
Precisamos relembrar Rui Barbosa...
O primeiro profeta cientista da palavra, o filósofo da
verdade, o poeta das construções magníficas - (tudo que escrevia
era pura poesia), o político que de tão
honesto, nunca conseguiu realizar os sonhos presidenciais.
O mais imortal dos brasileiros, o mais ilustre dos baianos,
devido a sua grandeza se tornou monumento nacional, o homem de
verdades tão bem delineadas, o Filósofo a definir os futuros
homens do País e do mundo.
Já previu
profeticamente que os honestos sentiriam vergonha no futuro... A
mediocridade envolveria a tudo e a todos e os nulos seria
guindados aos lugares mais honrosos.
Palavras proféticas de um homem que
enxergava centenas de anos à frente do seu tempo, deixando suas
mensagens aos moços, aos adultos, aos velhos; e sua maldição aos
poderosos, aos nulos, aos usurpadores do seu tempo e de todos os
tempos... Palavras como raios de tão eletrizantes, conselhos como
filosofia de tão sábios, argumentos como leis científicas de tão
preciosos.
Espírito contundente, sempre com dignidade, águia da inteligência, com suas próprias asas, como Jurista dos mais cultos do seu tempo
voou para além do horizonte, em infinitos nunca antes alcançados.
Vislumbrava séculos, em dias... Com os seus próprios pés,
velejou mares bravios tendo como barco o pensamento e como bússola
a mais audaciosa inteligência da sua geração, deixou uma herança
que o tempo jamais apagará, viveu para melhorar a História e
viajou para o além, deixando um patrimônio incalculável para a
humanidade.
Não apenas sonhou os sonhos, mas viveu todos eles, com a
angústia dos santos e o destemor dos mártires . Teria sido tudo
isto em vão? Vale ressaltar o pensamento de Antônio Pousada... “Ainda
hoje, como no tempo de Tibério, a humanidade não aprendeu nem
assimilou o verdadeiro código da felicidade humana, a lei que Deus
entregou a Moisés na infância do mundo; não aprendeu e nem quer
aprender a acreditar na imortalidade da alma, o que levou Sócrates
a beber cicuta; não aprendeu nem procura aprender a conhecer a si
mesmo, conforme ensinava Platão a seus discípulos; não se
convenceu nem quer acreditar na verdade e na doutrina que levou
Jesus ao Calvário”.
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