O sonho
Crônica - 3
Sonho... Muito mais elástico que o tempo! E o tempo na eternidade é o
mais dilatável de todas as premissas existentes. O sonho humano é
o mais insaciável de todas as variáveis... Do complexo universo,
chamado mundo.
O sonho poderia possuir todas as cores e mesmo assim... Desejaria uma cor impossível. Inexistente! Talvez ausência total de
cor - jamais o branco. É o abismo sem fundo...
Um mar
sempre desejando mais sal, uma encantadora galáxia expandindo-se no
infinito... Um espelho
querendo - mais reflexo... Rio em plena
enchente
reclamando água.
Está ligado ao destino humano desde que ele se fez senhor e
detentor da inteligência. É a mola... O gatilho do
progresso, o
metro da ciência, a balança do poder, o cronômetro do ter - a
quimera do ser.
O sonho é capaz de se mimetizar, transformando-se em mais humano
que a humanidade... Mais científico - que a ciência. Quimera mais religiosa que a religião, mais filosófica que a própria filosofia.
Poder-se-ia dizer - é a mão que afaga sorrindo
e o coração alado querendo
voltar a eternidade. A mãe carinhosa tratando. O veneno que é antídoto de si mesmo.
Parece, também, que, sempre existiu em todos os mundos... Foi
luz
em todos os tempos - embutido nas mais variadas e em todas as formas.
Como essência da esperança é a ilusão mais remota da vida... O
sonho deve ser o precursor do Universo em sua perene expansão... Empolgando
a própria - eternidade.
Quimera mais poderosa das forças
misteriosas. A mais sedutora das regras do bem e do mal. O sonho ainda é a explicação
mais coerente para o amor Universal.
Existiria o Herói... O comércio? A indústria? A
política? A religião ? Os impérios... Ele é o fermento de tudo.
O sonho é quem esculpe a beleza! Enlouquece o coração do mais
puro e ardente amor. Sequestra o esplendor distante do sol! Manipula as ondas no mar! Provoca as correntezas
nos rios!
O sonho é início, meio e fim. É... Calmaria se
transformando em tufão; brisa se tornando redemoinho; trevas se fazendo
luz... A maior indiferença se
transfigurando em doce amor.
Sonho... O menor caminho a
ser percorrido - com a maior velocidade. Navio solitário no mar enfrentando as fúrias
das mais tormentosas ondas... O avião sem motor - planando além do infinito. É vida - contrariando todas as lógicas. Morte prometendo
- eternidade.
É o pequenino engatinhando... A menina esquecendo sonhos infantis.
A menstruação preconizando - vida. Espermatozóide fecundando o
óvulo, ilusão feliz com um quase nada... Sem entender - o porquê.
O sonho é o mais doce do açúcar. O amargo do jiló - o salgado do sal,
o azedo do limão... O doce acre - do acre doce.
Todos te condenam Oh! Sonho! E te chamam ilusão...
Todos te renegam,
chamando-te quimera desvairada! Mas - continuas... Impávido, sereno, confiante - consensual e eterno.
Lindo sonho. Perene, enigmático, real, misterioso e altaneiro.
A tua essência guarda os segredos, a tua vivência vive
toda a esperança e a tua existência é só eternidade...
Seria por acaso o Sonho a Palavra que se tornou Universo? Fruto do bem e do mal? A
árvore da Vida.
Parece que é o segredo maior
da eternidade... Silenciando os séculos. Talvez tudo venha
a ser... Apenas um grande sonho eterno
deste misterioso e inexplicável existir. E o verdadeiro nome -
seja Deus.
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Edvaldo
Feitosa
(Direitos autorais reservados nº 180859)
* Fundação Biblioteca Nacional *
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