A última esperança
O Herói
moderno (raras exceções), não
luta, apenas come e dorme... Usa o próximo como escudo, reclama o sacrifício do outro porque é comodista, voa com
asas usurpadas e exibe ostensivamente - uma cruz falsa de matéria plástica.
É claro que em todos os tempos sempre
viveram lado a lado, santos e hipócritas, barões e plebeus, místicos e
ateus, mas com o aumento da população mundial, inegavelmente... Os maus
proliferaram em progressão geométrica e os bons em progressão aritmética.
Assim o mundo assiste a perplexidade de
um passado terrível, um presente insuportável e de um futuro preocupante.
A esperança hiberna silenciosa e murcha
na estufa de uma época que, ou é o final dos tempos ou o alvorecer de um
novo marco, o surgimento de uma nova data... Como
foi o antes e o depois da Revolução Francesa.
A vida suplica
para continuar, mas os homens em histeria coletiva, parecem almejar
somente... Bailar irresponsavelmente em voltas de um globo em chamas...
Ironicamente semeia o vento e ainda sorrir a pressentir que se avizinha -
a tempestade.
É um
racionalismo irracional... Ao ponto, de não querer enxergar, as coisas mais
evidentes, como o fato maior que, ou nos salvamos pelo menos a maioria ou
pereceremos todos numa hecatombe, milhões de vezes ainda, mais potentes, do
que a história do dilúvio.
Vivemos a
crise global do modelo gilete - moral, religiosa, de amor, de solidariedade,
do desejo de sobreviver, dos sonhos maiores tornados menores, da desesperança
no futuro, do desencanto com o presente, do não conseguir perdoar o
passado.
Vivemos a
sofreguidão do esperar, sem saber o que, do desejar, sem saber escolher, de
sonhar sonhos apenas acomodados - num tempo em que a esperança - hiberna no
tédio, a saudade quer esquecer de si mesma e a ilusão ainda almeja um
futuro melhor, mas não acredita. Ou pior... Acredita com uma fé tão
pequenina que, não é capaz de mover uma pena.
Dizem que às crises são os embriões
dos milagres... É evidente, também, que, os milagres só podem acontecer
quando tudo parece impossível... De outra forma não seriam milagres.
Tudo isso
parece razoável se levarmos em conta que apesar de tudo, ainda, necessitamos
do óvulo, para que a fecundação aconteça, como o é no milagre da vida.
Sabemos, os milagres dos gestos históricos, também, só são possíveis,
através de pelo menos óvulos
- fecundando o porvir humano.
Então podemos presumir como a fecundação
do futuro é profundamente complexa e presumivelmente, deveras
incerta... Dispensemos os líderes e os Ídolos, (que jamais resolveram o
problema do homem – quanto mais da humanidade). É preferível, apesar dos
riscos... Confiarmos nas desejadas condições
aditivas da nossa luta pessoal e, nos acontecimentos favoráveis, nos
fatores intrínsecos e extrínsecos da nossa própria maturação
existencial, para criarmos um clima adequado à fecundação de sonhos mais dignos e, ilusões
mais razoáveis, estribadas, também, no imponderável fator acaso... Também,
chamado - sorte.
São tantos os fatores e as circunstâncias,
mas não podemos nos esquecer da solidariedade, da comunhão, da perseverança,
da potência intelectual e espiritual postas a serviço da comunidade. Sem
esses fermentos o futuro é apenas uma imensidão de tempo aonde o
homem solitário e completamente desorientado, perde totalmente a
capacidade de imaginar e traçar mesmo, as mais simples estratégias - de
sobrevivência Humana.
Nessa misteriosa sabedoria de trocas recíprocas...
O futuro poderá vir a ser realmente um oásis de Paz... Ou ao contrário,
viveremos num planeta em Chamas.
Apoiados
nessas premissas e no misterioso tempo o senhor absoluto do Futuro, do qual
depende todo o fator histórico e os acontecimentos humanos... Torna-se
desnecessário sonhar com ídolos de areia e/ou heróis que já estão
cansadas ou deprimidos.
Nem pensaríamos em sonhar com líderes e
ídolos do passado, mesmo porque, esses ou se tornaram Déspotas, ou
morreram assassinados, ou de Overdose... Mas
se ainda resta a possibilidade de acontecer o Milagre... Tudo se
resume numa questão de Fé. Mas jamais Fé tão pequenina - incapaz de
remover grãos de areias - quanto mais montanhas.
A única esperança é
a ressurreição do homem comum, o homem sem ídolos nem heróis... O homem
Autêntico, que não deseje ser rei, nem sonhe ser escravo. Eis a grande
interrogação, onde encontrar esse Homem? Só poderá ser dentro de si
mesmo. Eis a última esperança.


